O seu poder partir crava em mim
uma angustiante insegurança,
medo de que eu não aguente
o palpitar de um tolo coração,
ainda inocente, crente
de que possa existir o amor perfeito
moldado pra gente.
Mas o seu real partir,
ainda que me dobre num sofrer
como um profundo corte na carne sensível,
me dá a confiança de que a dor latejante
não precisa matar,
talvez queira apenas torturar.
Posso sobreviver ao martírio,
ser mais forte com a sua ausência
suspender esse infortúnio delírio
com um novo sentido para a minha existência.
Mas, já aprendi que há vida na morte.
O poder partir
nada mais é do que um poder reexistir,
o que não me faz necessariamente mais forte,
mas, sim, levemente mais leve.
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